Fenômeno seiche pode ter causado a morte de peixes no Cocó

18 de julho de 2019 - 12:13 # # # # #

Alberto Perdigão
Assessor de Comunicação da Semace
(85) 3101-5554

Trecho do rio Cocó onde foram colhidas amostras da águaA mortandade de peixes no rio Cocó pode ter sido causada por um fenômeno conhecido como seiche. É o que informa o relatório da análise realizada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), a pedido da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). O seiche é uma espécie de descolamento do material acumulado no fundo do rio que dissolve na água reduzindo a proporção de oxigênio necessária à manutenção da vida no meio.
 
“Através de uma análise interdisciplinar, pode se levantar a hipótese de que a causa mortis foi decorrente de um fenômeno muito comum em lagos e açudes (ambientes lênticos), chamado na literatura limnológica de seiche, causado por forças de diversas origens, como pressão atmosférica, ventos, chuvas repentinas, abalos sísmicos, rajadas de ventos, entre outros”, afirma o relatório assinado pela gerência de Análise e Monitoramento da Semace.

O que diz o relatório

De acordo com o estudo, os peixes morreram entre os dias 6 e 8 de julho, nas proximidades da rua Cônego Januário, no bairro Boa Vista, onde os peixes mortos foram avistados. Quatro amostras foram coletadas para análise, sendo duas do local do avistamento e uma do material descolado do fundo do rio. A quarta amostra foi retirada da barragem do rio Cocó, localizada no Conjunto Palmeiras, que não apresentava sinais de poluição.
 
Os peixes teriam morrido por uma “situação crítica” na condição de respirar. “O resultado da análise química da água, contribui para indicar as possíveis causa mortis, tendo como parâmetro principal o OD – Oxigênio Dissolvido, que se apresentava no local de amostragem com cerca de 0,54 mg/L O2 e indica uma situação crítica quanto às condições de anaerobiose”, explica o documento.
 
Amostra do peixe morto foram levadas para exame no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal. A intenção era ampliar o esclarecimento da análise laboratorial da água. Mas “não foi possível a análise do pescado amostrado, devido ao auto grau de putrefação das amostras coletadas, indicando que a mortandade de peixes aconteceu antes de 48 horas de sua coleta, conforme informações repassadas pelo Labomar”.

O que é o fenômeno seiche

Devido ao lançamento de diversas cargas de poluentes, seja industrial e principalmente a descarga de esgotos urbanos no seu leito, acontecem periodicamente eventos de mortandade de peixes, geralmente no final da quadra invernosa, quando o poder de diluição do manancial diminui.
 
O tempo de duração de uma seiche pode ser de poucos segundos até de algumas horas, como o maior que se tem conhecimento e que foi observado no Lago Erie, nos EUA e que durou 15 horas, enquanto um outro na Escócia, durou apenas 14 segundos.
 
No Ceará, foi observado este fenômeno pela primeira vez no açude Santo Anastácio, da UFC, em 6 de março de 1991, tendo sido provocado por perturbações atmosféricas.