Semace realiza cirurgia em cágado-cabeçudo atropelado e promove recuperação no Cetas

28 de março de 2025 - 19:36

Uma cirurgia bem-sucedida foi realizada no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), localizado no bairro Guajerú, em Fortaleza, para salvar um cágado-do-nordeste (Mesoclemmys tuberculata), também conhecido como cágado-cabeçudo. O animal chegou ao centro com fraturas graves no casco e na parte inferior do corpo, provavelmente devido a um atropelamento no dia 26 de fevereiro. Essa espécie de tartaruga de água doce, encontrada em rios, lagos e riachos do Nordeste brasileiro, enfrenta diversas ameaças causadas pelas mudanças no ambiente, tornando a preservação de seu habitat essencial para sua sobrevivência.

Avaliação e preparo

Assim que o quelônio, termo utilizado para se referir a tartarugas, cágados e jabutis, chegou ao Cetas, foi imediatamente atendido e ficou em observação. No dia seguinte, exames de raio-X confirmaram fraturas no casco e na clavícula, o que exigiu um tratamento cuidadoso para garantir sua recuperação. “As imagens mostraram uma fratura completa no casco e na clavícula, o que exigiu um tratamento especializado”, explicou a veterinária da Semace, Malena Albuquerque. Para aliviar a dor e evitar infecções, o animal recebeu medicamentos e hidratação. Dada a gravidade dos ferimentos, os veterinários optaram por realizar uma cirurgia para tentar recuperar o casco e possibilitar sua recuperação.

Cirurgia

A equipe de veterinários preparou o réptil para o procedimento. Ele foi anestesiado e monitorado durante todo o processo para garantir sua segurança. “Os quelônios necessitam de atenção especial em procedimentos cirúrgicos devido ao seu metabolismo mais lento e ao tempo prolongado de cicatrização”, destacou Malena Albuquerque. Os ferimentos foram cuidadosamente limpos e, com o uso de pequenas brocas, a equipe fez pontos de apoio para fixar o casco e a parte inferior do corpo. Para unir as partes quebradas, foram utilizados fios cirúrgicos, e uma resina especial foi aplicada para proteger a área e ajudar na recuperação no dia 28 de fevereiro.

Recuperação

O Cetas é gerido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por meio de um acordo de cooperação, e tem sido fundamental no tratamento e recuperação de animais silvestres em situação de risco. Após a cirurgia, o animal ficou em um ambiente seco para garantir que a resina secasse adequadamente. Nos dias seguintes, continuou a receber medicamentos e hidratação. No dia 7 de março, foi colocado em uma camada rasa de água para avaliar sua reação. Ele demonstrou sinais positivos de recuperação. “O animal respondeu bem ao tratamento e agora segue em acompanhamento para garantir que possa retornar à natureza em condições seguras”, afirmou Malena Albuquerque.

Apesar da evolução positiva, o quelônio ainda precisa de acompanhamento constante, pois as tartarugas de água doce têm um metabolismo mais lento e levam mais tempo para se recuperar. Graças ao trabalho da equipe do Cetas, ele tem boas chances de uma recuperação total e, no futuro, poderá voltar ao seu habitat natural.