Diretoria Florestal da Semace recebe empresários para debater sobre Crédito de Carbono

22 de junho de 2023 - 13:43

Em reunião que ocorreu na última semana, na sede da Semace, empresários debateram junto a Diretoria Florestal – DIFLO, um projeto voltado para viabilizar uma nova modalidade de Crédito de Carbono no Ceará. Estiveram presentes na reunião Marcelo Haddad -Head de Florestas da empresa Future Carbon, Gabriela Hita – Analista Técnica da Future Carbon, Frans Pareyn – Engenheiro Florestal da Associação Plantas do Nordeste (APNE) e Enrique Riegelhaupt – Consultor da APNE. A comitiva foi recebida na sede da Semace pelo Diretor da DIFLO, Adirson Freitas e o Gerente da GECEF, George Romeiro.

Na pauta da reunião estava o Projeto Guarda-chuva Agrupado, que busca a implementação de Crédito de Carbono em áreas de Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS, aprovados pela Semace no estado do Ceará. Para Marcelo Haddad o projeto está bem estruturado e a conversa foi em tom otimista, “Esse projeto é focado para o plano de manejo florestais, a gente consegue crédito de carbono através de duas modalidades, na primeira, nós conseguiríamos estender esse ciclo de corte, o que atualmente é de 12 a 15 anos, passando para 20, 25 anos, com isso além de reduzir o manejo sustentável de exploração, você ainda permite um maior incremento de regeneração da vegetação nessas áreas. No segundo modelo, grande parte dos manejos que estão prestes a serem cancelados devido a falta de produção por parte dos proprietários, nesse caso esses proprietários podem converter de plano de manejo para área de proteção e com isso preservar por mais tempo a vegetação nativa da área. A Semace é uma parte essencial de todo o processo de autorização e licenciamento do plano de manejo florestal sustentável, quando a gente vai adotar uma dessas modalidades precisamos de alterações nesse plano, aumentando o tempo desse manejo e até mesmo atualizando o inventário com o armazenamento de carbono fazendo parte dele. E somente a partir dessa liberação da Semace é que podemos realizar o projeto de crédito de carbono.”

Segundo Frans Pareyn, o importante é que as informações foram bem aceitas para estabelecer critérios para o projeto, “Queríamos muito saber a opinião da diretoria com relação a essa proposta de projeto, ainda é um projeto inicial, mas para seguir adiante é necessário ter certeza de critérios mínimos, então tendo essa resposta positiva da Semace, dá pra saber que vamos dar seguimento, uma vez que a proposta segue o intuito de ter uma maior proteção ambiental, nunca menor. A APNE com o apoio da Semace e outros órgãos mantém um vasto catálogo de manejos florestais na vegetação caatinga, e essa parceria de longa data é importante para termos tanto esse contato quanto também mantermos nossas informações muito bem atualizadas através de informações pela Semace fornecidas.”

Após a reunião o diretor Adirson Freitas comentou que foi uma conversa inicial muito positiva para próximos debates, “Apesar do tema já ser conhecido por algumas pessoas, o que foi apresentado é novidade. Como está relacionado a uma atividade que é considerada o carro-chefe do setor florestal, acaba se tornando um tema muito relevante. Da forma que foi apresentado o projeto, a ideia inicial busca conciliar o uso sustentável da vegetal nativa associado a uma modalidade de conservação da vegetação proporcionando outra fonte de renda para o proprietário, vejo um impacto positivo na proposta do projeto”

Com o projeto também haverá uma maior possibilidade de proteção ao desmatamento ilegal como afirma George Romeiro, “Importante no sentido de entender a exigência das empresas credenciadoras de crédito de carbono e o perfil das áreas e projetos que serão passíveis ao crédito de carbono, bem como apresentar as empresas um diagnóstico da situação atual dos projetos de plano de manejo florestais implantados e aprovados pela Semace, o projeto será importante também no aumento da conservação ambiental dessas áreas e combate ao desmatamento ilegal.”

A reunião é uma ação inicial para a implantação do Crédito de Carbono através de PMFS no estado, as receitas de crédito de carbono geram milhões de reais para o País, estima-se que, até 2050, irá movimentar mais de USD 300 bilhões. Até a próxima década, o Brasil tem potencial para suprir até 37,5% da demanda global do mercado voluntário de créditos de carbono e até 22% da demanda do mercado regulado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse potencial econômico foi um dos principais motivos que estimularam a publicação do Decreto 11.075/22 sobre a regulamentação do mercado de créditos de carbono no Brasil, sendo um ponto de partida para que o Brasil tenha um mercado regulamentado até 2025.

A expectativa é que novas reuniões aconteçam com o objetivo de garantir que o projeto seja viável dentro das adequações estabelecidas pela Semace.